
No livro “Fecha os Olhos e Abre a Mente”, o Dada Nabhaniilananda nos ensina que os dois primeiros passos do Astaunga Yoga, ou Yoga dos Oito Membros, são Yama e Niyama, um conjunto de dez princípios éticos para o desenvolvimento humano. A ideia é a de que através do controlo do nosso comportamento nós podemos alcançar um estado mais elevado de ser. O objetivo final não é apenas o de seguir as regras, mas sim de atingir a perfeição da mente. Quando este estado de equilíbrio perfeito é atingido, deixa de haver a questão das “regras”, porque o desejo de fazer mal já não está presente na mente.
Conheça abaixo os dez princípios do Yama e do Niyama:
Yama (princípios éticos)

- Ahimsa: “Não fazer mal aos outros em pensamento, palavra e ações”. Este princípio é por vezes interpretado como significando não-violência completa, mas na verdade isto é impossível de seguir se tomado literalmente. Para viver, temos de comer algo vivo. Neste caso, o espírito de Ahimsa leva-nos a selecionar organismos cuja consciência é menos desenvolvida, em vez de matar criaturas altamente desenvolvidas. Ahimsa também diz que defendermo-nos ou defendermos o outro contra um agressor é justificável.

- Satya: “Ação da mente e uso do discurso dentro do espírito do bem-estar”. Isto significa dizer a verdade e agir de forma a promover o bem-estar de todos. Em casos em que dizer a verdade literal vai prejudicar outros, então Satya significa que devemos dizer aquilo que é melhor para o bem-estar dos outros, seja a verdade literal ou não.

- Asteya: “Não roubar”. Significa não tomar ou reter os pertences de outros, ou mesmo contemplar essa possibilidade. Aqueles que querem roubar, mas que se refreiam de o fazer por medo de serem apanhados, estão a roubar “mentalmente”.

- Brahmacarya: “Permanecer ligados a Brahma (a Consciência Cósmica) através do tratamento de todos os seres e todas as coisas como uma expressão da Consciência Cósmica”. A mente toma a forma do objeto do nosso pensamento. Se nós realizamos todas as ações lembrando-nos de que tudo neste mundo é na realidade a Consciência Cósmica num estado transformado, então a mente mover-se-á para um estado de unidade com a Consciência Cósmica.

- Aparigraha: “Não acumular riqueza que seja supérflua para as nossas necessidades reais”. Significa viver uma vida simples com apenas a riqueza física que é de facto necessária. É um princípio importante, tanto na vida individual como na coletiva, porque se uma pessoa ou uma nação acumulam riqueza, isso pode resultar em escassez e miséria para outros.
Niyama (auto-regulação)

- Shaoca: “Pureza de mente e corpo”. Inclui a limpeza do nosso mundo externo, como o corpo, a roupa e o ambiente, assim como do mundo interno, da mente. A pureza de pensamento pode ser alcançada por auto-sugestão, ou seja, a substituição de um pensamento negativo por um pensamento positivo.

- Santosa: “Manter um estado de despreocupação mental”. O desejo cria um estado de desassossego. Ao satisfazermos esse desejo, o momento de alívio é chamado de tosa, em sânscrito. As pessoas que se satisfazem facilmente e permanecem contentes estão a seguir Santosa.

- Tapah: “Suportar adversidades no caminho do desenvolvimento pessoal e coletivo”. Agir no espírito do serviço aos outros sem esperar nada em troca é Tapah.

- Svadhyaya: “Ter uma compreensão clara sobre um assunto espiritual”. Devemos ler e assimilar o significado de grandes livros e escrituras vindas de pessoas espiritualmente avançadas. A simples leitura sem compreensão não é Svadhyaya. A importância de Svadhyaya é a de nos oferecer contacto com grandes personalidades e de nos inspirar a continuar no caminho da autorrealização.

- Iishvara Pranidhana: “Tornar a Consciência Cósmica o objetivo da nossa vida”. Isto é feito através da meditação espiritual.